DIA D abre portas para inclusão socioprofissional

Com o saldo de 330 vagas oferecidas por 25 empresas, alguns candidatos saíram com carteira assinada

Florianópolis - O Campus Florianópolis do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) foi sede da feira de empregos voltada para pessoas com deficiência, DIA D, no último sábado (23) com um quadro de vagas significativo: 330 oportunidades em 25 empresas da Grande Florianópolis. Além das ofertas de empregos, o público pôde realizar cadastro no Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (IGEOF), no Sistema Nacional de Empregos (SINE) e consultoria jurídica com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O DIA D foi a principal ação da Semana Inclusiva Grande Florianópolis, integrando o cronograma de debates, palestras e atividades culturais de 18 a 24 de setembro. A mobilização é iniciativa do Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT-SC), em parceria com o Ministério do Trabalho e outras 30 entidades governamentais e não governamentais.

Pontes profissionais

A legislação garante espaço para pessoas com deficiência (PCD) em empresas com mais de 100 funcionários desde 1991, de acordo com os critérios da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 . No entanto, o cumprimento está aquém da recomendação legal. Em Santa Catarina, dos 10.421 postos reservados para a categoria, há 3.764 preenchidos. Um comentário recorrente entre os contratantes é a dificuldade em localizar pessoas para ocupar as vagas.

Este é o caso de Sérgio Jorge da Rosa, gerente estadual da Plansul, prestadora de serviços terceirizados de limpeza, que foi para o feirão buscar candidatos para 25 postos disponíveis em Florianópolis. “Não estávamos conseguindo encontrar as pessoas para as vagas, mas esse evento é uma boa oportunidade, recebemos vários currículos”, disse. Em nível nacional, a Plansul deve incluir 770 pessoas em seu quadro funcional.

Vanessa (ao meio), 32 anos, saiu da feira com emprego garantido
Vanessa (ao meio), 32 anos, saiu da feira com emprego garantido


Para além da regularização

Parte das contratações se concentra na tecnologia da informação, setor em crescimento em Florianópolis. A assistente social Elisana Lorenzo, da Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC), que faz a mediação de contratações de deficientes visuais, conta que tem surgido diversas vagas voltadas para deficientes visuais especializados em informática.

Na empresa de marketing Resultados Digitais (RD), a inclusão tem sido ferramenta para melhorar o ambiente de trabalho. Com 550 funcionários e expectativa de 30 contratações mensais, a empresa criou um núcleo para preparar os colaboradores para um quadro mais diversificado e inclusivo. Vinícius Schmidt, jornalista e acadêmico de Psicologia, é um dos analistas do núcleo. Possui Artrogripose Múltipla Congênita (AMC), que compromete os movimentos dos membros superiores e inferiores.

“A gente sabe que o mercado não é muito gentil com as pessoas com deficiência, então procuramos contratar pelo perfil da pessoa, ainda que não tenha a formação desejada, para que ela aprenda e cresça junto com a empresa”, fala Schmidt. Na feira, a empresa estava oferecendo vagas para as áreas de marketing, design, finanças e atendimento ao cliente.

Remuneração abaixo do esperado

Valdelir Osvaldo Cipriano era motorista do transporte público de Florianópolis há 21 anos quando teve problemas oculares no olho esquerdo. A visão parcial o fez perder a carteira de motorista. Nos últimos dois anos, Valdelir tem recebido o auxílio-doença da Seguridade Social (INSS) e distribuído currículos. “A única coisa que não está batendo é o salário, só aparecem vagas com o piso salarial, que é bem inferior ao que eu ganhava”, conta.

Ao contrário do que empregadores supõem, a qualificação de ensino médio e superior é similar entre pessoas com e sem deficiência. A conclusão é de uma pesquisa da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), que analisou as contratações de PCD entre 2012 e 2014 em Santa Catarina. Vale lembrar, também, que as vagas de PDCs não diferem em remuneração, benefícios e obrigações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Inclusão socioprofissional

Outro resultado aponta para um dado negativo: dentre os vários tipos de deficiências, as contratações entre as deficiências intelectuais são as menores. A pesquisadora Kátia Regina Ladewig atribui o dado ao preconceito presente nos processos seletivos. Ressalta, porém, que por vezes o nível da deficiência compromete o desenvolvimento profissional. Para capacitar e orientar aqueles que possuem aptidão para o trabalho, a FCEE criou um núcleo especializado, o Centro de Educação de Trabalho (CENET), do qual Ladewig é coordenadora.

“Há pessoas com deficiência intelectual que frequentam o centro por três a quatro anos até estarem aptas para o mercado, desenvolvendo habilidades práticas, ainda que não estejam alfabetizadas”, relata. A maior parte dos alunos acompanhados pelo CENET avança para um nível ainda maior de autonomia quando conquista um posto de trabalho. Em agosto deste ano, foram 96 contratações mediadas pelo núcleo.

Instituições mediadoras

Todas as vagas de emprego devem ser abertas para pessoas com deficiência. O que acontece, muitas vezes, são situações de discriminação nos processos seletivos, deixando a pessoa com deficiência à margem do mercado e da sociedade. Há entidades na Grande Florianópolis que atuam na mediação de entrevistas, cadastro de vagas e candidatos e capacitações para empresas. Conheça algumas delas:

Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis (IGEOF)
Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos (AFLODEF)
Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC)
Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE)
Sistema Nacional de Empregos (SINE)

Atuação dos organizadores continua

Todas as pessoas que foram em busca de um emprego no Dia D, estão sendo monitoradas por integrantes do CENET, da ACIC e da AFLODEF. A parceria destas Instituições com o MPT tem por objetivo acompanhar de perto o futuro dos trabalhadores para verificar quem realmente foi contratado, identificar as dificuldades dos candidatos e das empresas na efetiva inclusão laboral e sugerir soluções.

 

 

Fonte: Assessoria de Comunicação Social MPT-SC

Coordenação: Fátima Reis

Estagiária: Eduarda Hillebrandt

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(48) 32519913 / (48) 988038833

Publicado em 26/09/2017

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