Oficina prepara profissionais para identificar o câncer relacionado ao trabalho

Agentes de saúde de saúde de SC receberam treinamento da equipe do Inca

Florianópolis - Encerrou hoje, em Florianópolis, a “Capacitação para Vigilância do Câncer Relacionado ao Trabalho”, com especialistas do Instituto Nacional de Câncer. Participaram das atividades mais de cem profissionais dos CERESTs, dos núcleos hospitalares de epidemiologia, das vigilâncias (epidemiológica, sanitária, saúde do trabalhador e ambiental), de saúde ocupacional, da atenção primária à saúde, das unidades de tratamento do câncer, dos hospitais de alta complexidade para câncer, do programa de atenção e vigilância do câncer do estado e/ou municípios e dos cursos da área de saúde das universidades.

O treinamento voltou-se para implementação de ações de vigilância dos casos de câncer relacionados ao trabalho no estado, tendo os profissionais sido alertados e instruídos sobre a necessidade da notificação do registro dos diagnósticos da doença no Sistema de Informações de Agravos de Notificação – SINAN.

O evento teve início com a fala do gerente do projeto nacional de combate ao câncer relacionado ao trabalho do MPT e coordenador regional da CODEMAT (Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora), Procurador do Trabalho Bruno Martins Teixeira. Em sua fala, destacou que a capacitação já passou por cinco estados, havendo previsão da realização em ao menos mais dois até o final do ano. De acordo com o procurador, a ação fundamenta-se em termo de parceria firmado com o INCA, firmado como escopo do referido projeto, que atualmente tem, como um de seus objetivos, melhorar a coleta e identificação dos dados. “A aproximação com o INCA e a troca de informações nos permite ter um cenário mais realista sobre os quadros de câncer relacionados ao trabalho. Um manual também foi desenvolvido para contribuir com a aprimoramento dos membros e servidores do Ministério Público do Trabalho na identificação dos casos câncer relacionado ao trabalho, devendo ser lançado em breve”, informou o procurador.

Em Santa Catarina, conforme dados apresentados pela Gerente de Saúde do Trabalhador do Estado de SC, Regina Dal Castel, a exemplo do que acontece em outros Estados, não existe um diagnóstico preciso dos acidentes, agravos e doenças laborais. Isso porque, segundo ela, não é feito o registro no SINAN a cada Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), que deveria ser obrigatório. Citou como exemplo o CEREST de Blumenau que abrange 53 municípios e em oito deles foram registradas menos de dez notificações de doenças relacionadas ao trabalho, num período de dez anos. Os dados são do SmartLab e podem ser identificados em todos os municípios catarinenses.

Regina salientou que “a capacitação dos agentes de saúde auxilia no processo de reconhecimento dos agravos e doenças no trabalho e na notificação destes adoecimentos. E esse trabalho de formiguinha é que vai ajudar num levantamento real dos dados para a elaboração de políticas públicas de prevenção”.

Coube às especialistas do INCA as apresentações para aprofundar a relação de rotinas relacionadas ao dia a dia de vários trabalhadores e produtos que favorecem o surgimento de câncer. Entre eles estão, por exemplo, frentistas, trabalhadores rurais, cabeleireiros, aeronautas, mineradores, garis, trabalhadores do horário noturno, dentre outros.

Segundo as palestrantes, apenas 20 % dos casos de câncer têm origem genética. O restante, 80%, estão relacionados a fatores ambientais que envolvem as mais variadas atividades laborais, alimentação inadequada, tabagismo, álcool, poluição, radiação solar e até mesmo o sedentarismo.

Falaram a epidemiologista Fernanda Nogueira, atual coordenadora do curso de educação à distância em Vigilância do Câncer relacionado ao Trabalho, a tecnologista Ubirani Otero, gerente da Área Técnica Ambiente, Trabalho e Câncer da Coordenação de Prevenção e Vigilância, com experiência na Saúde Pública, e a bióloga e técnica Fernanda Voietta.

A capacitação do primeiro dia está disponível no canal do YouTube do MPT/SC. Nos links abaixo é posssível ter acesso as palestras:

1º Dia

Situação do Câncer

Câncer relacionado ao Trabalho e Ambiente

Exposição a benzeno

Exposição a agrotóxicosxposição a sílica/amianto/formoldeído

Radiações e outros

2º Dia

Agentes Cancerígenos – Agência Internacional de Pesquisa em Câncer - IARC

Registros de Câncer de base populacional e hospitalar

Notificações no SINAN e recordatório ocupacional

Câncer prioritário e fluxos de notificações

Fluxo de notificações de câncer relacionado ao trabalho em SC