Procuradoras e servidores(as) debatem questões de equidade no âmbito do MPT-SC
Os temas foram abordados durante a palestra de apresentação do Comitê de Equidade da PRT da 12ª Região, ação que integra a Política Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do Ministério Público do Trabalho.
Aconteceu na tarde desta quarta-feira (04) a “Palestra de apresentação do Comitê de Equidade da PRT da 12ª Região”, com participação de Membras e servidores(as) do MPT-SC. O evento foi realizado de forma híbrida na sala de reuniões nº 204 da PRT12 e, via Teams, para o público interno e externo, em Florianópolis.
A cerimônia de abertura foi conduzida pela Procuradora do Trabalho da PTM de Joinville e Vice-Coordenadora do Comitê de Equidade da PRT12, Ana Carolina Martinhago Balam, que ressaltou a importância da palestra tanto para o público interno quanto para a sociedade. Na sequência, passou a palavra à Procuradora Regional do Trabalho e Coordenadora do Comitê de Equidade da PRT12, Cristiane Kraemer Gehlen, que palestrou sobre questões de gênero, identidade e desigualdades.
Equidade de gênero e desigualdades.
Em sua palestra, a Dra. Cristiane explicou como as diferenças entre homens e mulheres podem se tornar instrumentos sociais de limitação e controle. Segundo ela, em levantamento do Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa atualmente a 70ª posição no índice global de disparidade de gênero e levará, aproximadamente, 134 anos (cinco gerações) para alcançar a paridade total. “Ser mulher, estatisticamente, significa percorrer um caminho árduo em busca de crescimento e reconhecimento profissional”, destacou.
A procuradora também comparou o Brasil à Islândia, país em primeiro lugar no ranking mundial da equidade de gênero: “Conhecemos um pouco, ao menos, do nosso país, que em nada se assemelha à Islândia. Sem priorizar a educação de qualidade não haverá avanços na igualdade e equidade entre os gêneros no Brasil. A educação com qualidade acrescenta conhecimento, autoconfiança, independência, respeito às pessoas e à natureza”, afirmou. A Islândia é um país de alto padrão de vida que valoriza a educação, a igualdade de gênero, a transparência governamental e a liberdade individual.
A Dra. Ana Carolina Martinhago Balam também refletiu sob re os papéis de gênero no cotidiano institucional. “Os marcadores femininos não são atributos biológicos inatos ao sexo feminino; tornam-se construções sociais que se desenvolvem ao longo da vida em sociedade. Nesse processo de 'tornar-se mulher', somos inseridas em uma série de papéis e expectativas que moldam nossa identidade e posição social”, explicou.
Possibilidades de repensar a equidade racial
O tema de Equidade Racial e Diversidade da Comunidade LGBTQIAP+ foi abordado pelo Analista do MPU e Chefe da Secretaria da Coordenadoria de 1º Grau – SPG, João Agostinho de Oliveira Filho, que se identifica como pessoa preta e LGBTQIAP+. Ele destacou a relevância de discutir esses temas no âmbito do MPT. “Nós estamos hoje fazendo algo de forma prática, construtiva e real de situações vivenciadas no âmbito do trabalho. Queremos abrir para a sociedade esse debate e estabelecer mudanças culturais”, pontuou.
Na ocasião, a Dra. Ana Carolina Martinhago Balam conectou a jornada de 6x1 com a questão racial. Segundo ela, à primeira vista, pode não parecer que o tema se relaciona diretamente com raça ou gênero, mas, ao analisarmos a questão sob o prisma da interseccionalidade, percebemos que a maioria das pessoas em uma jornada 6x1 são mulheres negras. Acerca das cotas raciais, explicou que a defesa das cotas não se limita a ampliar o acesso educacional e econômico; ela representa também a ocupação de espaços de poder e decisão por pessoas negras, garantindo uma representatividade que historicamente lhes foi negada.
Ambientes acessíveis, com liberdade religiosa e sem etarismo
Com a palestra “Diversidades: a pessoa com deficiência”, a Analista do MPU Flavia Philippi Fullgraf, que possui uma deficiência de baixa visão, compartilhou sua trajetória como pessoa com deficiência e a adaptação no ambiente de trabalho. “Aqui sempre tiveram um cuidado comigo, saber se estou bem adaptada e minhas necessidades estavam sendo atendidas. É importante existir espaços de diálogos, para que as pessoas com deficiência sejam compreendidas e possam ter mais ambientes de trabalho acessíveis”, contou.
Sobre o tema “Laicidade e Liberdade Religiosa”, a Procuradora Ana Carolina Martinhago Balam, destacou: “o princípio da laicidade assegura respeito todas as formas de manifestação da religiosidade, reconhecendo-se a pluralidade religiosa nacional e garantindo-se a separação entre Estado e Religião”.
A Procuradora Cristiane Kraemer Gehlen, encerrou o evento abordando o crescimento da população idosa no Brasil e no mundo, os preconceitos e estereótipos enfrentados e os direitos de proteção e acesso dessas pessoas ao mercado de trabalho. “Assim como a educação com qualidade é essencial para a extinção da desigualdade de gênero, esse direito humano fundamental também funciona como maior determinação social do envelhecimento. A escolaridade contribui para o acesso a empregos e condições de trabalho melhores, contribui para o acesso à saúde, porque o conhecimento adquirido nos leva a decidir sobre hábitos saudáveis que irão proporcionar um envelhecimento com qualidade de vida”, concluiu.
Fonte: Assessoria de Comunicação MPT-SC
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Publicada em 05/12/2024