Congresso mostra a realidade do trabalho infantil na região oeste de SC

Chapecó - A exploração do trabalho infantil parece algo bem distante da nossa realidade, mas os números mostram o inverso. Dos 100 municípios com maior índice de trabalho infantil no Brasil, 88 são da região Sul. A situação é grave e precisa ser revertida. Caso contrário, não será possível cumprir o acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê, em sete anos, a erradicação de qualquer tipo de exploração infantil no país. O assunto foi amplamente discutido nesta terça (20/03) e quarta-feira (21/03), em Chapecó, durante o I Congresso Catarinense de Combate ao Trabalho Infantil, realizado pelo Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT-SC), Ministério doTrabalho e Emprego e demais parceiros do Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil (FETI-SC) .

Dos 88 municípios da região Sul, 32 desta lista são de Santa Catarina. Segundo a procuradora regional do trabalho, Margaret Mattos de Carvalho, grande parte dos casos ocorrem dentro de residências e propriedades rurais familiares, fator que dificulta as ações de conscientização e fiscalização. "Temos uma característica própria de pequenas propriedades em regime de economia familiar. É um aspecto cultural, por conta dos imigrantes que formaram nossos estados", explica. Além desse fator, a falta de articulação entre os setores que compõem a rede de proteção às crianças e adolescentes também justifica o elevado índice. "É necessário uma forte articulação para que essa cultura seja desconstruída no Sul", acrescenta o procurador do trabalho Tiago Ranieri de Oliveira.

Conforme prevê o artigo 227 da Constituição, é dever da família, da sociedade e do Estado colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Por isso, a solução para o problema seria criar políticas públicas articuladas e intersetoriais, afirma o procurador. "Não é somente combater, precisamos ofertar alternativas para que isso não volte a acontecer. Quando se afasta uma criança ou um adolescente do trabalho irregular, existe a necessidade de saber o por que estava trabalhando. A partir desse fator, por exemplo, vamos saber ofertar alternativas", justifica.

Dois dias de debate

A abertura do Congresso contou com a palestra da desembargadora Maria de Lourdes Leiria, que traçou um panorama sobre o trabalho infantil no país. O encontro teve continuidade com a palestra da procuradora regional do trabalho (MPT-PR), Margaret Mattos de Carvalho, que tratou do trabalho ilícito e a exploração sexual infantil, e encerrou com um debate sobre as piores formas de trabalho infantil, conduzido pela auditora fiscal do MTE, Marinalva Dantas. A programação contou ainda com a apresentação comovente do projeto Dançando no Céu, com o espetáculo Infância Sem Trégua - A Arte Transforma.

Enquanto no primeiro dia o objetivo foi apresentar para a sociedade o problema da exploração infantil, no segundo discutiu-se alternativas para combatê-la. Na oportunidade, o procurador do trabalho (MPT/GO), Tiago Ranieri de Oliveira, falou sobre a articulação intersetorial para o combate ao trabalho infantil. A procuradora do trabalho e coordenadora nacional da Coordinfância, Patrícia de Mello Sanfelice, abordou estratégias de erradicação do trabalho infantil. O debate continuou com a gerente do Peti de Palhoça, Jucélia Oliveira Schneider, que falou sobre as estratégias do programa de erradicação do trabalho infantil do município. Por fim, Alberto de Souza, auditor fiscal e chefe de fiscalização do trabalho infantil (MTE/SC), apresentou os novos contornos da aprendizagem do Brasil.

Congresso foi coordenado pelo representante da Coordinfância em SC, procurador do Trabalho Marcelo Goss Neves
Congresso foi coordenado pelo representante da Coordinfância em SC, procurador do Trabalho Marcelo Goss Neves

Fonte:Assessoria de Comunicação Social MPT-SC

Coordenação: Fátima Reis

Estagiária: Eduarda Hillebrandt

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Com informações Assessoria de Imprensa Unochapecó

Publicado em 22/03/2018

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